sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Colóquio de Filosofia "O Olhar e o Rosto"

Consumismo, violências e uso de drogas: os riscos do neoliberalismo1

Marta Conte2 (martacte@terra.com.br)

RESUMO: Este trabalho analisa as violências e o uso de drogas associados, entre outros aspectos, aos efeitos do consumismo próprio do neoliberalismo, com conseqüências importantes sobre as condições subjetivas no laço social. O neoliberalismo é entendido como um novo sistema econômico iníquo, herança do velho capitalismo. Os dados utilizados para análise do tema foram colhidos durante a pesquisa Criminalidade e espaço urbano:as transversalidades da violência (2004)3, na qual se entrevistaram apenados de Novo Hamburgo e São Leopoldo, individualmente e através de grupo de discussão, utilizando a perspectiva transdisciplinar de pesquisa. Como efeitos deste contexto neoliberal sobre as subjetividades evidencia-se o enfraquecimento nas trocas humanas afetadas pela dessimbolização. Fonte: Revista Filosofia Unisinos,Volume 7,nº3



O contemporâneo e os processos de subjetivação


Para situar o contexto contemporâneo e suas influências sobre os processos de subjetivação, ressalta-se que a sociedade pós-moderna tem sido análise de filósofos como Lipovetski (1983), Gauchet (2002), Dufour (2005), ou de psicanalistas como Chemama (2002), Melman (2003) e Lebrun (2004).

A análise que decorre de debates atuais indica que com o triunfo do neoliberalismo um novo modo de civilização se impôs, cujo slogan se traduz em SER FELIZ PELO CONSUMO! ou “gozar a qualquer custo”. O modo de civilização anterior a este da modernidade era marcado pela poupança, sobriedade, valores como virtude e solidariedade, pela ordem e o recalcamento. Cabe lembrar que, há poucas décadas, falar em gozo individual era tabu; hoje, é um imperativo.

O argumento do Colóquio “O Olhar e o Rosto” situa que a intersecção entre o olhar e a fala produz efeitos sociais e subjetivos que colocam novas interrogações para o sujeito moderno. O império das imagens, como é caracterizado o contemporâneo, remete ao narcisismo, à frouxidão ética e da capacidade crítica, ao individualismo, à exposição da interioridade, à transformação do público e do privado, à fragilização do sentido comum dos limites e de referências, dificultando o estabelecimento de uma hierarquia de valores pautados pelo ser, aos enunciados impessoalizados que ditam verdades, desconsiderando as variações singulares e as saídas sociais.

Apesar de se falar em consumismo nos séculos XVII, XVIII e XIX, o sentido era completamente diferente do conceito moderno (Costa, 2004), sendo necessário analisar o fenômeno do consumismo moderno, entendido a partir das circunstâncias históricas do final do século XX e início do século XXI.

Com a cultura burguesa, refere Costa (2004) ao analisar as idéias de Senett, é possível entender o consumo na perspectiva psicológica e cultural expresso no culto ao intimismo e à personalidade. O progresso das técnicas de fabricação do vidro favoreceu o surgimento das grandes vitrines e das estratégias de venda, dando ampla visibilidade aos produtos. O núcleo da personalidade, nesse contexto, estava tanto no interior sentimental quanto nos objetos comprados e exibidos. O indivíduo projetava suas peculiaridades emocionais nas mercadorias e, em seguida, adquiria-as como se fizessem parte de seu caráter permanente e interior. E, assim, o “comprismo” burguês desnudou o modo de produção material das crenças emocionais. Portanto, é possível dizer que o consumismo surge como meio de construção de identidades; tanto mais poder os objetos adquirem quanto mais o interior subjetivo está esvaziado e exteriorizado.

O imperativo de felicidade é incrementado pelo dever de não sofrimento, de não mais se entusiasmar com ideais comunitários, mais sim com a normalização do desejo, e tudo isto em detrimento das diferentes formas de exploração do inconsciente. Mas, diz Roudinesco (2000), o inconsciente ressurge no corpo, nos acting outs e passagens ao ato.

O fenômeno do consumismo, lembrando Freud (1974) em o Mal-estar na civilização, de 1930, coaduna com a forma de existência narcísica. O consumismo situa-se como central no debate sobre as transformações contemporâneas, pois princípios e valores foram se configurando e alterando conceitos como felicidade e relações de trocas, produzindo novos efeitos nas construções identitárias. Essas modificações se estendem de forma ampla às relações de trabalho, aos espaços urbanos, à relação com o corpo, ao convívio social, às formas de comunicação e às configurações familiares, entre outros aspectos. Como conseqüência surgem novos arranjos psíquicos incrementando às subjetividades excessos e desamparos.

Lacan (1998) propõe que o sujeito recebe sua mensagem do Outro sob uma forma invertida; no entanto, uma das condições da subjetividade moderna é que o sujeito recebe sua mensagem não mais do Outro, mas da informação, que é simples e direta, não necessitando mais uma mediação e uma interpretação do que o Outro poderia querer de nós. A informação designa, assim, o bom objeto, aquele capaz de nos satisfazer e que não é mais um semblante de objeto, e sim um objeto bem real. Assim, o interesse pelos objetos não é mais construído pelo caminho da falta, diz Melman (2003, p. 137), pois o que o torna desejável é que ele tem propriedades excitantes e que podem ser exibidos visando estabelecer sociabilidades.

Estes vários aspectos nos convocam à análise do simbólico, e para isto encontro em Dufour (2005) importantes contribuições, no livro a Arte de reduzir cabeças: sobre a nova servidão na sociedade ultraliberal. Ele refere que a esfera de aplicação do modelo de mercado está destinada a se expandir bem além do domínio da troca mercadológica, alterando e enfraquecendo o simbólico nas trocas humanas. Convém aqui retomar Mauss, através de Lacan (1998), ao indicar que quando as estruturas sociais são reais, os atos serão simbólicos, e estes precisam de deciframento.

Dufour (2005) constata que há uma mutação antropológica em curso e a emergência de um outro tipo de sujeito e de relações de troca. A mais radical conseqüência é a dessimbolização, com afetações na língua e nos modos de falar. Constatam-se desde até a troca de nomes de estabelecimentos e de produtos, para que não carreguem valor cultural, para tornar-se um produto como qualquer outro, isto é, uma mercadoria que pode ser trocada por outras no seu valor de mercadoria, perdendo o essencial de seu valor simbólico. A dessimbolização é uma conseqüência, então, do utilitarismo contemporâneo, que pretende “tirar a gordura” simbólica das trocas, perseguindo a fluidez, a circulação e a renovação do mercado, sem conciliação com o peso histórico dos valores culturais.

O mesmo autor situa três dimensões da dessimbolização: venal, geracional e niilista. A primeira, a dessimbolização venal, verifica-se no fato de que tudo vira mercadoria e o dinheiro é só dinheiro, como equivalente universal, símbolo da redução de todos os valores exclusivamente ao valor bancário. Este aspecto contribui para a passagem do sujeito ao estatuto de consumidor, no cortejo às mercadorias em concorrência selvagem uns com os outros. Trata-se das condições necessárias para a consolidação de uma sociedade de risco, como propõem Giddens et al. (1997). A criminalidade é um risco que incorrem aqueles que levam o liberalismo ao pé da letra”, indica-nos Dufour (2005, p. 203).

A segunda dessimbolização é geracional, verificando-se na falta do legado de um patrimônio cultural através da família, da escola e das instituições que se ocupam das crianças e jovens. Tomo como exemplo o descrédito no futuro e a idéia de “sem saída”, partilhada por diferentes instâncias que se ocupam dos jovens em nosso país e impedem as apostas, criando um curto-circuíto. A juventude sem perspectiva de inserção social no mercado de trabalho e em outras formas culturais de testemunhos compartilhados se vê à deriva e impulsionada a atos de delinqüência e consumo de drogas, como apelos a uma alteridade que se presentifique e ofereça ancoragem, bordas, referências. Assim, considera-se que os atos de delinqüência e consumo de drogas, especialmente na adolescência, portam em si uma significação simbólica de serem a única forma de ter acesso ao que conta para o sujeito, e desta forma exigem um trabalho de deciframento, como está indicado acima relativamente às formulações de Mauss (Lacan, 1998) em uma prática clínica ampliada.

E a terceira dessimbolização proposta por Dufour (2005) é a niilista, decorrente das duas anteriores. Com o enfraquecimento do Estado na gestão de políticas públicas, emerge uma forma de dominação anônima, “uma tirania sem tirano”, nas palavras de Arendt, analisadas por Dufour, produzindo um abandono e a violência reativa dele decorrente.

O que o neoliberalismo visa hoje é justamente o núcleo primeiro da humanidade: a dependência simbólica do homem, tornando-o indivíduo dócil, liberal, precário, instável, aberto a todos os modos de dependência e às variações de mercado liberal remete a liberado de toda ligação a valores (Dufour, 2005, p200) e livre de toda vinculação cultural. Até porque os valores morais não têm valor mercadológico e, além disto, constituem uma possibilidade de resistência ao consumo e à propaganda publicitária. Não são surpreendentes a transposição da relação com o desejo para as inúmeras formas de compulsão e a escalada da violência comum, pontuada por momentos de hiperviolência. Isto se fundamenta no fato de que a lógica neoliberal produz sujeitos que funcionam precisamente segundo a lei do mais forte ou a do “empoderamento” pelos objetos.

E parece haver um consentimento velado entre governantes e as máfias de todo gênero que se expandem como formas sociais (Dufour, 2005, p. 199). Tomando como exemplo o PCC observa-se sua força pela atuação de grupos organizados dentro da prisão e pela ideologia voltada a atacar o simbólico, ao desestabilizar os serviços públicos ligados à segurança, os transportes urbanos e a rede financeira. Outro aspecto que indica a força destas formas sociais é a reserva de mercado para a produção de dinheiro com a droga, a prostituição, as armas, apoiadas por influências políticas.

Na medida em que a garantia simbólica das trocas entre os homens tende a desaparecer, é a própria condição humana que muda, e o valor da vida fica em questão; um se relaciona com o outro enquanto objeto. Esta objetalização e utilitarismo passam a fazer parte do cotidiano de todo cidadão, produzindo relações de desrespeito e violências de toda ordem. Criam-se, assim, as condições para o elogio da delinqüência e a recusa de escolhas éticas que obriguem a tomada de uma posição responsável frente aos próprios atos.

A sociedade neoliberal quer banir de seu horizonte os efeitos que ela própria engendra, a saber, as conseqüências das desigualdades sociais, do consumismo, dos excessos, das violências e de conflitos sociais, produzindo movimentos de reformas que não oferecem inscrição social às conseqüências do sistema sociopolítico, mantendo enormes segmentos da população à margem dos direitos fundamentais e do acesso a bens e serviços. Ao serem banidos da cena pública, esses fenômenos, freqüentemente, aparecem como ameaças, descontextualizadas de uma rede complexa de fatores econômicos, políticos, subjetivos e ligados aos ideais sociais de consumo (Conte, 2005).

Alguns autores conceituam determinadas manifestações sociais como “restos sociais” (Giddens et al., 1997), indicando que o que é percebido como ameaça, na verdade, é risco produzido e deve ser calculado como conseqüência do laço social. Trago algumas falas que ilustram a dessimbolização subjetiva e a redução da cidadania a uma “embalagem”, como apresenta o depoimento de um apenado de São Leopoldo. Ele diz: Isso aí é só embalagem, mas é que a gente se compara, o fulano tem e eu não tenho, principalmente no meio de adolescentes, né. Nessa idade a gente deixa se levar pelos bens materiais. O meu amigo tem, o pai dela dá, e eu não tenho o meu pai pra me dar, então quem vai ter que fazer por mim sou eu mesmo, e a maneira mais rápida que eu tenho é cometendo algum delito (Apenado do regime semi aberto que participou do Grupo de Discussão).

Verifica-se no depoimento que, especialmente na adolescência, as “embalagens” respondem à necessidade de dar a ver-se, colocar-se no foco do olhar do outro, fabricar não importa com que meios o rosto com o qual se gostaria de ser visto. Os adolescentes vêem-se tensionados entre a imensa oferta de bens a consumir e as precárias condições para sua aquisição. As “embalagens” aqui, no termo utilizado pelo apenado, servem como forma de inclusão social servindo de dispositivos de atalho na via da mobilidade social (Oliveira, 2001). O delito no contexto de uma adolescência “exacerbada” e fora-de-lugar têm a expressão de uma autonomia reativa, de auto-afirmação individualista, narcisista e, muitas vezes, predatória.

A oferta do mercado, longe de dar acesso aos desejos, é ouvida como uma ordem irrefutável, um dever a consumir, e este é o sentido da fala a seguir:

[...] com certeza, se tu vai roubar, tu vai pegar, vamos fazer um exemplo, uns 40 mil... é dinheiro, né, tu vai comprar o que tu necessita... Vai sobrar um dinheiro pra ti; qual é o cara que não vai querer um tênis bonito, uma calça, ficar bem arrumado, perfumado? Já vai, dá uma olhada e vai comprar um carrinho pra ti, é onde tu te emociona. Tu tem um monte de dinheiro, tu não vai tirar um fuca, uma bici, com certeza que não, tu vai comprar um Tempra, um Vectra, um carro bonito, um som bonito, e aí, com certeza, um já vê e já sai comentário em toda a vila. Porque um trabalhador não tá assim... um trabalhador tá ganhando 240 real por mês, e se tu tem que tirar uns 700, 800 reais para o último lançamento da Nike, da onde é que tu vai tirar? (Apenado do regime semi-aberto, participante do Grupo de Discussão).

No entanto, a criminalidade se estende para as várias classes sociais, e a este respeito Costa (2004) refere que o aumento da criminalidade urbana não se deve apenas ao apetite irracional dos mais pobres por superfluidades que não podem comprar. Eles se apropriam violentamente dos bens materiais daqueles julgados privilegiados, assim como os cidadãos pacatos se apropriam imaginariamente dos corpos celebrizados. E todos querem reconhecimento, ascensão e um lugar social.

O que fica silenciado no laço e no discurso social é a violência dos imperativos sociais de consumo, assim como o fato de que o uso de drogas e a relação com o tráfico respondem a uma lógica de consumo, têm uma função social de anestesiamento do mal-estar social, assim como criam a ilusão de felicidade, construção identitária, pertencimento e mobilidade social.

Considerações finais

Deixa-se, pois, em relevo que a miséria simbólica, transmitida pela dessimbolização atestada no contemporâneo, tem peso fundamental nas construções identitárias e no estilo de vida que estão sendo construídos em torno do consumismo, das drogas e da criminalidade na sociedade brasileira. Torna-se fundamental problematizar a dessimbolização, identificando com precisão as diferentes formas de que ela se reveste.

Para finalizar, aposta-se nas práticas democráticas, na participação social, nas terapêuticas pela palavra e na função do testemunho como experiência compartilhada. Testemunhar é tentar produzir significação para a catástrofe do homem moderno (Costa, 2001). Ainda, acompanhamos o que nos propõe Dufour (2005), que chama a atenção para a resistência através da recusa a mercantilização do mundo e dos sujeitos, e por uma recusa vigorosa da superioridade do objeto sobre a palavra.


Notas

1 Este trabalho foi apresentado no IX Colóquio de Filosofia, ocorrido em 17 e 18 de agosto de 2006, em São Leopoldo, na UNISINOS.
2 Doutora em Psicologia Clínica, professora e pesquisadora do Mestrado em Psicologia Clínica da UNISINOS.
3 Esta pesquisa foi desenvolvida pelo Grupo de Estudos Transdisciplinares sobre a Violência da UNISINOS.

Referências

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